sábado, 30 de maio de 2009

E a vida matou mesmo o sonho de Susan Boyle!


Não poderia ser mais propícia a escolha musical de Susan hj no "Britains got Talent", quando ela optou por cantar novamente a música que fez o mundo conhecê-la, "I dreamed a dream". O tom melancólico e pessimista dessa linda musica do grupo "les miserables" foi a tônica dessa noite em que a dona-de-casa, surpreendentemente, perdeu na final para um grupo de dança chamado "diversity".

O que é importante notar aqui é a postura de Boyle. Com as mãos quase que regendo a música, com expressões faciais totalmente adequadas e sincronizadas com a letra e um vestido mais do que elegante, ela acertou nas notas e segundo um dos jurados do programa, Piers, conseguiu se superar e colocar essa a apresentação como a melhor na história do programa. A forma como ela conduziu a derrota foi admirável. Com sorriso largo, parabenizou o grupo vitorioso, disse que ganhou quem merecia e ainda que o programa tinha sido uma lição de humildade. Enfim, foi uma verdadeira dama!

Foi isso o que mais me tocou. Quando ela se mostrou ao mundo pela primeira vez com um vestido horroroso, cabelo desarrumado e com uma história de vida que dava margens para risos, todos a "adotaram" e ela viria a se tornar essa "febre".. Entretanto, agora a popularidade dela dentro do show de calouros se esvaiu no momento em que ela começou a se adequar a um arquétipo de cantora de musicais. Elegante, fina, bem arrumada, falando pouco e muito bem. Ou seja, quando ela representava uma pessoa digna de pena, a aceitação do público e da mída foram quase automáticas mas ao sair desse papel de "coitadinha", ela haveria de ultrapassar uma linha tênue que separa a admiração da inveja. Os excêntricos, como ela, e entende-se aqui excêntricos no sentido etimológico mesmo, de fora do centro, não têm vez quando teoricamente saem do papel de oprimido.

Não importa se o produtor de "Cats", Lord Webber ou Elaine Paige já tinham lhe chamado para parceiras ou que a vida profissional dela já estaria encaminhada. A dona-de-casa que mora só com o gato representava uma parte de cada um de nós que sonha com o sonho. Adultos covardes que somos, que nos sistematizamos a essa vidinha medíocre, entretanto, ainda conseguimos nos encantar quando vemos esse algo de sublime que Susan representou bem nessas semanas.

Difícil alguém não se sensibilizar por ela. Ela não causou impacto por aquela voz potente, ao mesmo tempo, suave e sim pela identificação, consciente ou não, que tivemos. Frustrações que transferimos para a cantora escocesa a qual realizou sua digna função de nos salvar. Salvou-nos nem que fosse um pouco, nem q fosse só por poucos minutos . Só que salvar alguém é nobre demais e acaba por se tornar um fardo. Afinal, que quer ser verdadeiramente salvo?

Sem mais delongas, creio que os britânicos tão famosos por sua classe, esqueceram dela totalmente hoje quando vitimizaram Susan nessa votação,desmerecidamente, inexpressiva. Shame on you! Na derrota de hoje, do divino para o pragmático, todos nós somos os perdedores!

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